2_Como vão os objectos parar ao museu?

Que histórias têm para nos contar?

Naquele dia fomos finalmente ver as salas com o piso de vidro que há muito despertavam a curiosidade... Poços? Túneis? Não, são silos de cereais, mais tarde usados como depósitos de lixo e de onde vieram muitos dos objectos arqueológicos expostos. Cada grupo escolheu um objecto para interpretar. Ao fim de alguns momentos, um após outro, cada objecto seleccionado começou a revelar-se. Era uma grande oportunidade ter tantos olhos postos em cima! E em sussurros, só perceptíveis aos mais atentos, desfiaram as histórias das suas vidas.

Depois, fomos aos "bastidores" do museu desvendar outros segredos. Na Secção de Arqueologia os objectos são muito bem recebidos, qual hotel de 5 estrelas! Após registo de entrada detalhado (inventário), têm direito a alojamento permanente na companhia de outros residentes (reserva). São, por vezes, o alvo de todas as atenções (investigação), recebem limpeza e cuidados médicos sempre que necessário (conservação) e, de quando em quando, saem em passeios organizados a locais novos, com estadia incluída (exposições temporárias ou itinerantes). Querem melhor do que isto?



De regresso à sala, os objectos renasceram e as suas histórias saltaram para o papel. No fim partilhámo-las entre todos. Reis, cristãos-novos, "homens barbudos", talhas partidas, mistérios, risos, improvisos...
E será que cada objecto segredou sempre a mesma história?




Naquele dia descobrimos que os objectos num museu são admiráveis contadores de histórias. Se esperarmos com atenção alguns momentos...

Susana

p.s. Obrigado Nuno, Magusto e Bica pela disponibilidade.

Ainda bem que também levavam a gata…


A sala da diáspora é a minha preferida. Todas estas portas velhas, boas para afiar as garras...
Por trás delas estão países que abriram as suas portas aos cristãos-novos castelo-videnses fugidos da Inquisição. França, Holanda, Índia, Brasil...
E também há outras portas mais simbólicas, aquelas que se abrem cá dentro do coração quando temos de partir. Tristezas, esperanças, saudades?

E tu, o que sentias se fosses viver para outro lugar? O que levavas contigo?

Garcia

Adivinha quem é...

Olá, pediram-me gentilmente (ou melhor, com muitíssima insistência e quase ameaçadoramente) que também colaborasse com alguma coisa para o meu blog. Convencido, acedi a comentar com regularidade os vossos GATAfunhos! Aqui vão os primeiros e estão muito originais!





Confesso que já estava curioso para vos conhecer!
Catarinas, Lauras, Joões, Filipas, Carlos, Rodrigos...
Morenos, louros, altos ou nem por isso. Teimosos, irrequietos, vaidosos, faladores ou mais reservados....

Como sou muito curioso, particularmente sobre a espécie humana, não resisto a perguntar-vos:
Vocês são todos tão diferentes, como é que conseguem entender-se?
Ou será que são todos iguais?
Garcia

1_Com quem vais ao museu?

Um museu na sala de aula???!!!!

Naquele dia falávamos de museus - o que são, para que servem - quando bateram à porta e o inesperado aconteceu…
Um grande cartaz entrou apressado desenrolando-se no chão.
“Ah, mas aquela é a porta da sinagoga!”, reconheceram de imediato.
Depois soltaram-se tecidos, botões, lãs, plasticinas, tintas, letras, adivinhas, sorrisos, entusiasmos…
E, quando demos por ela, a sinagoga já se instalara numa das paredes da sala. Com uma turma de miúdos encavalitados uns atrás dos outros a espreitar, curiosos, o seu interior.
Será que vai cá ficar o ano inteiro?




À tarde viria um convidado, o mais entendido dos entendidos sobre estes assuntos dos judeus de Castelo de Vide. E, após uma história menos conhecida de reis sortudos, princesas exigentes e judeus que ficaram a ver navios e se tornaram cristãos-novos...ele apareceu!

Claro, o Gato Garcia, que vive na judiaria! E com ele entrámos na sinagoga…
Afinal, da Casa do Judeu se fez um Museu, um espaço cheio de questões que fazem pensar:
-As crianças e as grávidas também eram queimadas na fogueira?
-Podemos julgar os outros sem os conhecermos?
-É como julgar um livro pela capa, diz o Tiago.
-Podemos obrigar os outros a serem como nós?
-Não, cada um tem o direito de ser como é!, respondem em coro.
-E se for um ladrão?...
-Sim, também, pois se é ladrão…
-Não, só se fosse um ladrão bonzinho, considera a Catarina, que depois devolvesse aquilo que roubava…

Naquele dia, falámos de direitos e deveres, regras e liberdades, respeito e intolerância, igualdade e diferença. E muitos dos pensamentos, ideias e palavras que se cruzaram no ar vieram de regresso connosco…

Susana